«Oh! que extraordinário efeito a palidez do rapaz nela produzia... A sua palidez, a sua elegante farda azul-escura, a bicha doirada no braço e o mar, um mar transparente para além dele, romântico, enorme! Por esse tempo, lia ela Camões.
Mas o rapaz era muito reservado, o que a confundia. Estava certa de que o amava apaixonadamente. E sentia-se tão alvoroçada e tão cativa dele que só a ideia da morte a consolava. Morrer, morrer, quer ele soubesse, quer não soubesse que por ele morria. E voltou aos seus passeios na varanda e a apanhar luar em cheio, mesmo que fizesse muito frio. Andava pálida e magra. A dona Felismina inquietava-se: "Que é que a pequena terá, que é que a pequena andará a chocar?"
Ela veio a saber o nome do aspirante por umas costureiras do seu terceiro andar, e nunca o esqueceu.
Sete anos mais tarde, um oficial da administração, um azeiteiro, soltou casualmente em sua frente o nome daquele camarada, e ela ainda secretamente o acariciou.»
(1994: 124-125)